31 julho 2007
Yeah Yeah Yeahs
Down boy
Um regresso aguardado com muita expectativa, eis que os Yeah Yeah Yeahs se apresentam agora num formato que parece estar em voga, um EP, denominado Is Is.
Pela amostra deixada acima, atrevo-me a dizer que este é mais um registo imperdível da banda da menina de Nova Iorque que parece destroçar corações mundo fora...
À parte os gritos, de cada vez que ouço esta música fico mais convicta que ouço aqui e ali a Siouxsie a cantar...
via tripwire
30 julho 2007
A inocência...
"A inocência é a mais excepcional e temível das estruturas humanas. Não significa nada para a maior parte dos europeus, e todavia eles não hesitam em considerá-la sua inimiga; pois é certo que há uma certa fatalidade fácil no que é inocente. Ela nada concede, e tudo modifica. Não é propriamente uma virtude, não actua no sentido do progresso e da cultura; apenas conserva a alucinação dos indivíduos como algo que é importante para subverter o sentido da morte e do azar."
Um doce a quem adivinhar quem escreveu este trecho...
27 julho 2007
Este também está interessante...
Como somos vistos pelos outros. Podem ler aqui. Nada de novo porém...
21 julho 2007
18 julho 2007
Saramago.
Pessoalmente, e como escritor, não sou grande apreciador de Saramago. Isto não releva no entanto o facto de me orgulhar (como português) da distinção que lhe foi ofertada pela academia sueca. A sua escrita provoca-me um leve torpor, ou sonolência na verdade, dada a densidade dos parágrafos. Possivelmente falha minha, assumo. Na minha juventude li e reli várias vezes o “Memorial do Convento”, que me agradou sobremaneira. Mais tarde ainda li um ou outro título que já não me encantaram do mesmo. Aquilo maça-me, provoca-me uma sensação de estranheza, de tão elaborado que é. Enfim, será limitação da minha pessoa, ou gosto pessoal. Na verdade e alargando o contexto à escrita portuguesa, acho que se escreve pouco e mal. E do que tenho lido sempre preferi os mortos aos vivos. Gosto de Torga, Aquilino, algum Eça e pouco mais.
A razão que leva a escrever esta “nota” não é tanto pela qualidade literária de Saramago mas sim pela sua pessoa e pelas suas declarações recentes, que tanto pasmo provocou. Com franqueza eu gosto de Saramago como pessoa. Acho-o um indivíduo recto, com princípios e coerente nas suas atitudes. Não gosto das suas ideias politicas, mas respeito a sua dignidade e verticalidade. As suas recentes declarações, que tanta indignação e agitação provocaram, puseram-me a pensar sobre o tema, e levaram-me a questionar a mim próprio sobre a exactidão (ou não das mesmas).
Saramago defende uma integração de Portugal na Espanha, ou melhor uma fusão que originaria um novo país de designação Ibéria, contudo sem perda de identidade, mantendo este cantinho um estatuto semelhante ao actualmente detido pela Catalunha ou País Basco. Intuitivamente a resposta da maioria de nós a uma proposta desta natureza será a negativa. Visceralmente custa-nos a abrir mão daquilo que tantos, antes de nós, lutaram para conseguir, sendo este ponto perfeitamente defensável. Contudo se analisarmos friamente verificamos que boa parte de nós invejamos aquilo que os vizinhos conseguiram obter, e nós não!
É conhecido o relato do general romano que por aqui andava aquando da expansão do império sobre a têmpera do povo lusitano, que se encontra dispersa em alguns livros de história: “o povo que não se governa nem quer ser governado”. A nossa sina já vem de longe. A nossa inveja crónica sobre outros países mais evoluídos, nórdicos, alemães e afins, leva-nos sempre a um embotamento do essencial: estamos dispostos a ter os privilégios dos ricos mas não a aguentar os sacrifícios correspondentes para os obter.
O mesmo se passa com os espanhóis; invejamos a sua pujança e não entendemos o seu porquê: como é possível que um gentio que teve um Franco, uma Guerra Civil, Terrorismo, uma Santa Inquisição, uma Igreja intolerante, que mantém uma Monarquia, que tem províncias com desejos separatistas consiga obter aquilo que nós não conseguimos? A resposta é simples: porque são melhores! São mais organizados, mais eficientes, mais trabalhadores, mais responsáveis, etc.
No mundo das empresas aplica-se o mesmo principio enunciado por Darwin há muitos anos atrás para os bichos, plantas e afins: a teoria da selecção natural, ou seja a sobrevivência dos mais aptos face aos inaptos. Apesar de não perdermos, pelo menos em termos teóricos, a nossa soberania o que se verificou na última vintena de anos, após integração na União Europeia? Fomos literalmente engolidos por essa máquina esmagadora que é a economia dos países desenvolvidos, pois não estávamos preparados para o embate. Em particular verificámos que o que valia a pena (por cá existente) foi comprado, principalmente por espanhóis, e também por outros. O resto evaporou-se, permanecendo apenas nas brumas da memória. Quem domina a banca? E os seguros? E o mercado da energia? E a actividade industrial remanescente? Simples não é?
Não atirem pedras ao Saramago. Saramago apenas disse aquilo que vai (secretamente) na alma de cada um nós, mas que temos dificuldades em admitir. Têm ido a Espanha ultimamente? Por razões profissionais desde há muito tempo que me desloco lá várias vezes por ano. Pelas mesmas razões tenho contactos frequentes com empresas de lá. Quem tem acompanhado a sua evolução percebe que hoje a distância que nos separa, é a mesma que medeia a nossa situação da Roménia ou da Bulgária.
A razão que leva a escrever esta “nota” não é tanto pela qualidade literária de Saramago mas sim pela sua pessoa e pelas suas declarações recentes, que tanto pasmo provocou. Com franqueza eu gosto de Saramago como pessoa. Acho-o um indivíduo recto, com princípios e coerente nas suas atitudes. Não gosto das suas ideias politicas, mas respeito a sua dignidade e verticalidade. As suas recentes declarações, que tanta indignação e agitação provocaram, puseram-me a pensar sobre o tema, e levaram-me a questionar a mim próprio sobre a exactidão (ou não das mesmas).
Saramago defende uma integração de Portugal na Espanha, ou melhor uma fusão que originaria um novo país de designação Ibéria, contudo sem perda de identidade, mantendo este cantinho um estatuto semelhante ao actualmente detido pela Catalunha ou País Basco. Intuitivamente a resposta da maioria de nós a uma proposta desta natureza será a negativa. Visceralmente custa-nos a abrir mão daquilo que tantos, antes de nós, lutaram para conseguir, sendo este ponto perfeitamente defensável. Contudo se analisarmos friamente verificamos que boa parte de nós invejamos aquilo que os vizinhos conseguiram obter, e nós não!
É conhecido o relato do general romano que por aqui andava aquando da expansão do império sobre a têmpera do povo lusitano, que se encontra dispersa em alguns livros de história: “o povo que não se governa nem quer ser governado”. A nossa sina já vem de longe. A nossa inveja crónica sobre outros países mais evoluídos, nórdicos, alemães e afins, leva-nos sempre a um embotamento do essencial: estamos dispostos a ter os privilégios dos ricos mas não a aguentar os sacrifícios correspondentes para os obter.
O mesmo se passa com os espanhóis; invejamos a sua pujança e não entendemos o seu porquê: como é possível que um gentio que teve um Franco, uma Guerra Civil, Terrorismo, uma Santa Inquisição, uma Igreja intolerante, que mantém uma Monarquia, que tem províncias com desejos separatistas consiga obter aquilo que nós não conseguimos? A resposta é simples: porque são melhores! São mais organizados, mais eficientes, mais trabalhadores, mais responsáveis, etc.
No mundo das empresas aplica-se o mesmo principio enunciado por Darwin há muitos anos atrás para os bichos, plantas e afins: a teoria da selecção natural, ou seja a sobrevivência dos mais aptos face aos inaptos. Apesar de não perdermos, pelo menos em termos teóricos, a nossa soberania o que se verificou na última vintena de anos, após integração na União Europeia? Fomos literalmente engolidos por essa máquina esmagadora que é a economia dos países desenvolvidos, pois não estávamos preparados para o embate. Em particular verificámos que o que valia a pena (por cá existente) foi comprado, principalmente por espanhóis, e também por outros. O resto evaporou-se, permanecendo apenas nas brumas da memória. Quem domina a banca? E os seguros? E o mercado da energia? E a actividade industrial remanescente? Simples não é?
Não atirem pedras ao Saramago. Saramago apenas disse aquilo que vai (secretamente) na alma de cada um nós, mas que temos dificuldades em admitir. Têm ido a Espanha ultimamente? Por razões profissionais desde há muito tempo que me desloco lá várias vezes por ano. Pelas mesmas razões tenho contactos frequentes com empresas de lá. Quem tem acompanhado a sua evolução percebe que hoje a distância que nos separa, é a mesma que medeia a nossa situação da Roménia ou da Bulgária.
17 julho 2007
Mistério de uma noite de Pentecostes
A última vez que fui ao teatro aconteceu uma coisa inédita: pela 1ª vez na minha vida senti uma premência de entrar em cena e interagir com os actores. Para acrescentar aos seus diálogos a minha voz, a minha dor, a minha alegria. A peça retratava as intrincadas e complicadas relações amorosas entre as pessoas. Foi lá para os lados do Teatro Taborda e a peça chamava-se "Comédia em 3 actos". Chorei a rir e a chorar.
Mas o que me traz aqui hoje é uma sugestão que julgo ser bem diferente: uma peça de teatro com o nome Folia! Mistério de uma noite de Pentecostes, pela companhia Teatro Tapafuros que tem como palco a mítica e inspiradora Quinta da Regaleira. Uma peça que decorre num ambiente já por si carregado de magia e beleza e que, certamente, será potenciado pela peça aqui apresentada, onde o público é chamado a interagir. Digo certamente, porque eu ainda não a vi. Mas estou certa que não desiludirá.
Vamos ao teatro?
14 julho 2007
Beautiful noise
Tempos houve em que a música tinha uma dicotomia simplista na identificação do seu género musical: haviam a comercial e a independente, a pop, rock, punk, metal, new wave e pouco mais, que eu guarde memória. Pelo menos era assim que nos referíamos às bandas quando delas falávamos nos idos anos 80, termos que se tornaram insuficientes para a identificação dos variados estilos musicais derivantes aquando do big bang da música nos anos 90, com a proliferação de variantes, fusões, torções e combinações resultado da promiscuidade musical que estoirou desde então.
É nesta altura que surge, por via de alguns jornalistas de influentes publicações britânicas, termos como shoegaze, tentando-se assim identificar um estilo musical muito próprio que se caracteriza por paredes de guitarras distorcidas acompanhadas de vozes sussuradas quase imperceptíveis que carpem os males do mundo, num tom ora grave ora esperançado. Na actuação das bandas, é ponto comum as cabeças cabisbaixas dos músicos, mais ou menos estáticos, a "olharem para os sapatos" (shoe + gaze), focados num constante palmilhar dos pedais.
As mais referenciadas como pertencente à cena shoegaze são bandas como os My Bloody Valentine, Cocteau Twins, Spaceman 3, The Jesus and Mary Chain, Ride ou Slowdive, só para referir algumas.
Dizem os entendidos que a ascensão e queda rápidas do shoegaze se deveu à chegada do grunge e da britpop ao mundo da música. Pena é que assim tenha sido pois, dos 3, prefiro de longe os primeiros...
Beautiful Noise: um documentário sobre o shoegaze
Shoegaze, grunge e britpop no wikipédia
10 julho 2007
A bola é redonda...
Este país está perdido, não está? Pior que isto só mesmo a novela da câmara de Lisboa...
Conheço uma pessoa que costuma dizer que a "outra banda" só melhorará no dia em que as pontes forem dinamitadas; enfim, opiniões...
De qualquer forma, clubite à parte, este interesse obsessivo que temos com tudo o que se relacione com aquele bicho com penas, unhas sujas e bico curvo faz-me rir...deve ser mesmo o melhor remédio.
As editoras também têm uma história para contar
Comprei uns singles em vinilo de Howling Bells através da Bella Union, editora sobre a qual decidi explorar um pouco mais posteriormente à compra. Descobri então ser um legado dos extintos Cocteau Twins, que abandonaram a 4AD e criaram a sua própria editora para lançamento dos seus trabalhos. Pertencendo actualmente a Simon Raymonde, o baixista da extinta mítica banda dos anos 80 que povoou o meu imaginário pop de cores e sons em tons esbatidos que se fundiam e confundiam e faziam a minha mente voar para além do fisicamente possível, e volvidos 10 anos da sua fundação, esta parece ter sobrevivido e muito bem à morte da banda para a qual foi criada, tendo no seu portfólio projectos tão interessantes como The Dears, Midlake, Howling Bells, Explosions in the sky, The Czars, entre outros.
O mais curioso desta história é que, por meio de um flyer promocional que acompanhava os discos, descobri uma página do myspace de uma cantora da etiqueta, a Stephanie Dosen, que não fazendo o meu deleite musical, me chamou à atenção por cantar "Música para marinheiros cansados e sereias confusas" ou, no original, "Music for weary sailors & tangled mermaids"...
07 julho 2007
Interpol regressam em Novembro
Para os mais distraídos fica aqui a notícia de que os Interpol regressam ao nosso país para um concerto em nome próprio a 7 de Novembro. Apesar de a data ainda vir longe, os bilhetes já se encontram à venda...
06 julho 2007
A vida está caríssima...
Por menos de 5€ comprei este DVD na FNAC: "As Asas do Desejo" de Wim Wenders, de 87. A vida está mesmo cara...não me gozem. Isto a propósito de ter encontrado um vídeo de Nick Cave no youtube por acidente. Já vos vou passar o dito.
04 julho 2007
Números.
Eu gosto de Martin Amis. O meu amigo Trevor, também inglês como Amis, e residente aqui já há largos anos, acha que Amis é um "wanker" sem grande interesse. Porém Amis é, para mim, um escritor bastante decente. Não tem a qualidade literária de McEwan, mas tem uma componente de cinismo e ironia fina na sua escrita que sempre me encantaram. Conheci-o pela primeira vez em 97 ou 98 numa crónica do Expresso, salvo erro da Clara Ferreira Alves. Daí para cá adquiri vários exemplares que tenho lido e relido repetidas vezes (aliás é um escritor fácil de encontrar nas livrarias do costume), estando os mesmos espalhados pela estanteria cá de casa. De uma maneira geral acho que aprecio todos os livros que li dele; talvez o favorito seja Time´s Arrow, que comprei em Londres na altura em que descobri Amis. Contudo existe um deles que nunca consegui acabar. Este, o da figura ao lado. Koba, o terrível (Koba the Dread). É um livro terrível que nos dá uma visão pessoal (política) de Amis sobre uma das grandes insanidades do século XX (ascensão do comunismo) e do seus efeitos nefastos, em particular na antiga União Soviética. Choca a frieza da contagem das vítimas da Colectivização forçada, da Guerra Civil e do Terror Vermelho. Por norma acabo sempre as leituras que começo, mas neste caso a verdade é que nunca o consegui acabar. Choca-me a selvajaria daquilo tudo, o tempo que durou e a nossa indulgência. Como dizia Koba "...a morte de uma pessoa era trágica, mas a morte de um milhão não passava de estatística...". Números. Ainda não é desta que o vou acabar. Hum. Números.
03 julho 2007
Por quem gemem os sinos
Graças a este rapaz, consegui recuperar uma música, e consequentemente uma banda, que me tinha arrebatado o coração mas da qual infelizmente tinha perdido o rasto. A oferta de música nos dias de hoje tem uma cadência tal que o que me acaba por acontecer algumas vezes é as bandas atropelarem-se, no meio desta corrida desenfreada à audição, e eu perder o rasto de algumas coisas muito interessantes, como é este caso.
Numa atitude louvável e destemida, a banda disponibiliza para download o álbum completo no seu site.
É sempre bom quando se recupera algo que se julgava irremediavelmente perdido...
01 julho 2007
A audição perfeita para fins de semana calmos e bucólicos
Os Fields, uma banda sediada em Londres mas com 1 elemento da Islândia, lançaram o seu álbum de estreia no passado mês de Maio. Everything last Winter, não parecendo ser um álbum extraordinário (ainda não o ouvi na íntegra com toda a atenção), tem algumas músicas que merecem a pena serem escutadas com mais atenção dada a sua proximidade sonora aos Slowdive, uma banda que muito aprecio.
Serão os Fields mais uma banda "me-too"? Podem até ser. O certo é que estou apostada em ouvi-los com muita atenção. E como já li algures, talvez o futuro seja dos singles em vez de álbuns completos...
If you fail we all fail.mp3
Fields ao vivo no Channel M
Álbum completo em escuta no myspace
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