04 julho 2007

Números.

Eu gosto de Martin Amis. O meu amigo Trevor, também inglês como Amis, e residente aqui já há largos anos, acha que Amis é um "wanker" sem grande interesse. Porém Amis é, para mim, um escritor bastante decente. Não tem a qualidade literária de McEwan, mas tem uma componente de cinismo e ironia fina na sua escrita que sempre me encantaram. Conheci-o pela primeira vez em 97 ou 98 numa crónica do Expresso, salvo erro da Clara Ferreira Alves. Daí para cá adquiri vários exemplares que tenho lido e relido repetidas vezes (aliás é um escritor fácil de encontrar nas livrarias do costume), estando os mesmos espalhados pela estanteria cá de casa. De uma maneira geral acho que aprecio todos os livros que li dele; talvez o favorito seja Time´s Arrow, que comprei em Londres na altura em que descobri Amis. Contudo existe um deles que nunca consegui acabar. Este, o da figura ao lado. Koba, o terrível (Koba the Dread). É um livro terrível que nos dá uma visão pessoal (política) de Amis sobre uma das grandes insanidades do século XX (ascensão do comunismo) e do seus efeitos nefastos, em particular na antiga União Soviética. Choca a frieza da contagem das vítimas da Colectivização forçada, da Guerra Civil e do Terror Vermelho. Por norma acabo sempre as leituras que começo, mas neste caso a verdade é que nunca o consegui acabar. Choca-me a selvajaria daquilo tudo, o tempo que durou e a nossa indulgência. Como dizia Koba "...a morte de uma pessoa era trágica, mas a morte de um milhão não passava de estatística...". Números. Ainda não é desta que o vou acabar. Hum. Números.