14 julho 2007

Beautiful noise


Tempos houve em que a música tinha uma dicotomia simplista na identificação do seu género musical: haviam a comercial e a independente, a pop, rock, punk, metal, new wave e pouco mais, que eu guarde memória. Pelo menos era assim que nos referíamos às bandas quando delas falávamos nos idos anos 80, termos que se tornaram insuficientes para a identificação dos variados estilos musicais derivantes aquando do big bang da música nos anos 90, com a proliferação de variantes, fusões, torções e combinações resultado da promiscuidade musical que estoirou desde então.

É nesta altura que surge, por via de alguns jornalistas de influentes publicações britânicas, termos como shoegaze, tentando-se assim identificar um estilo musical muito próprio que se caracteriza por paredes de guitarras distorcidas acompanhadas de vozes sussuradas quase imperceptíveis que carpem os males do mundo, num tom ora grave ora esperançado. Na actuação das bandas, é ponto comum as cabeças cabisbaixas dos músicos, mais ou menos estáticos, a "olharem para os sapatos" (shoe + gaze), focados num constante palmilhar dos pedais.

As mais referenciadas como pertencente à cena shoegaze são bandas como os My Bloody Valentine, Cocteau Twins, Spaceman 3, The Jesus and Mary Chain, Ride ou Slowdive, só para referir algumas.

Dizem os entendidos que a ascensão e queda rápidas do shoegaze se deveu à chegada do grunge e da britpop ao mundo da música. Pena é que assim tenha sido pois, dos 3, prefiro de longe os primeiros...

Beautiful Noise: um documentário sobre o shoegaze
Shoegaze, grunge e britpop no wikipédia